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Sante Geronimo Caserio (Motta Visconti, 8 de Setembro de 1873 — Lyon, 16 de Agosto de 1894) foi um anarquista nascido na Itália que apunhalou até a morte o presidente da República Francesa Marie François Sadi Carnot.
Contents
Biografia
Nascido na Lombardia, filho de uma família camponesa, teve muitos irmãos e irmãs, seu pai que era barqueiro e lhe dera o nome de "Geronimo" em uma homenagem ao líder apache, morreu vítima de pelagra (uma doença comum entre camponeses cuja a má-alimentação se limitava ao consumo de milho). Não querendo se tornar um peso para a mãe que tanto amava, aos dez anos de idade, Sante Caserio deixou a casa de sua família e partiu para Milão. Lá conseguiu um emprego de aprendiz de padeiro e teve seus primeiros contatos com os meios anarquistas do final do século XIX.
Ainda em Milão envolveu-se com um pequeno coletivo chamado A Pè (que á época era um sinônimo de sem dinheiro). Pietro Gori referindo-se a Casério lembrou dele sempre como uma companhia muito generosa, era de costume vê-lo em frente ao mercado de mão-de-obra, distribuindo aos desempregados pão e livretos anarquistas que imprimia as custas de boa parte de seu ínfimo salário. Em 1892 foi sentenciado a oito meses de prisão por distribuir panfletos e livretos antimilitaristas. Identificado e fichado durante uma manifestação pública, foi forçado a fugir da Itália com a idade de dezoito anos. Declarado desertor, primeiro vai para a Suíça, arranjando um emprego de padeiro em Viena. Muda-se para Lyon em 21 de Julho de 1893 onde trabalha de mensageiro.
Regicídio
Em 24 de Junho de 1894 Caserio esfaqueou o presidente Sadi Carnot em seu peito durante uma cerimônia pública em Lyon. O cabo de sua faca era vermelho e negro (cores que símbolizam historicamente a Anarquia). Depois do ato, Caserio não tentou fugir, ao invés disso correu em torno da carruagem do presidente agonizante enquanto gritava "Viva a Anaquia!"
Posteriormente em seu julgamento, Caserio descreveria o assassinato em detalhes:
«"Disseram-me que já eram 9h05, e todos começaram a ficar emocionados e gritar. Passou apenas uma carruagem fechada, a largo trote da Opéra alla Borsa, indo na direção oposta. Então comecei a ouvir que tocavam A Marselhesa. Antes rapidamente para me assegurar que a rue de la République estava limpa, havia quatro soldados a cavalo da Guarda Republicana. Chegaram então, a passo miúdos, os militares sempre sobre os cavalos, dispostos os quatro grupos de quatro, com suas bandeiras. Depois das tropas veio o trombeteiro montado, mas sem som, então a segunda tropa passou igual a primeira. Então veio a carruagem descoberta do Presidente da República; com os cavalos afastados apenas três passos atrás da cauda da tropa de soldados.
Quando o último cavaleiro escoltando-o passou a minha frente, eu desabotoei a minha jaqueta. O punhal o queria, com o cabo para cima dentro do bolso, certo. O empunhei com a mão esquerda e com um movimento, empurrei para longe dois garotos que estavam na minha frente. Dirigi-me em bom passo, mas sem pular direto para o presidente, seguindo num movimento contrário ao movimento da carruagem. Subi no degrau externo do veículo, me apoiei agarrando com a mão esquerda na lateral, com a mão direita enterrei a adaga no peito do presidente. Deixei o punhal cravado; em seu pescoço um pedaço de jornal. Pulando do carro eu gritei, não me lembro se forte ou fraco: "Viva La Rivoluzione". Assim que eu pulei, percebi que ninguém tinha me prendido e que ninguém parecia ter entendido o que estava acontecendo, então corri entorno da carruagem e dos cavalos presidenciais. E naquele momento gritei "Viva La Anarchia!" foi aí que os políciais me entenderam melhor. Então eu fui pra frente dos cavalos, para trás das luzes, para tentar me misturar a multidão e desaparecer. Passei por mulheres e homens e então atrás de mim eu ouvi um grito: "Agarrem-no!". Um policial chamado Nicolas Pietri, me agarrou pelo colarinho da jaqueta e então outras vinte pessoas me cercaram.[1]» |
Motivações
[[Imagem:Ravachol_Portrait.jpg|thumb|right|A foto de Ravachol, anarquista executado pelo estado francês, que Sante Caserio enviou a viúva de Sadi Carnot momentos depois de matar seu marido]] O assassinato do presidente Sadi Carnot foi a forma de resposta encontrada por Sante Caserio para a execução sumária de três conhecidos anarquistas igualmente adeptos da ação direta violenta - Ravachol guilhotinado no dia 11 de Junho de 1892; Auguste Vaillant morto no dia 3 de Fevereiro de 1894; e Émile Henry executado em 21 de Maio de 1894. Em menos de um mês Sante Caserio tomaria também um lugar no ciclo de execuções e vinganças inspiradas na idéia de propaganda pelo ato que adentrariam o século XX embaladas em novos atentados e assassinatos.
Momentos depois do regicídio uma outra dimensão da vingança de Sante Caserio se desdobrava. A viúva do presidente Sadi Carnot recebia em sua casa pelo correio uma foto de Ravachol com os seguintes escritos:
«Il est bien vengé»
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(Está bem vingado)
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O julgamento
Foi a julgamento no dia 2 de Agosto onde foi condenado à guilhotina, sendo executado no dia 16 do mesmo mês. Em frente da corte onde foi condenado a morte, ele disse em meio aos que o esperavam:
«Eh, bem, se os governantes podem usar contra nós rifles, correntes e prisões, nós devemos, nós os anarquistas, para defendermos nossas vidas, devemos nos ater às nossas premissas? Não. Pelo contrário, nossa resposta aos governantes será a dinamite, a bomba, o estilete, o punhal. Em uma palavra, temos que fazer todo o nosso possível para destruir a burguesia e o governo. Vocês que são representantes das companhias burguesas, se vocês querem minha cabeça, tirem-na!»
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Na posição de réu, Sante Casério nunca tentou negar suas ações, ou pedir por piedade ao juri. Foi oferecida a ele a possibilidade de declarar psicose e em troca, deveria entregar os nomes de alguns de seus cúmplices, mas ele recusou:
«Caserio é um padeiro, não um espião»
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A execução
Na cela, enquanto esperava pela execução, lhe foi mandado o padre de Motta Visconti para que ele se confessasse, mas Sante Caserio se recusou a ouvi-lo e o empurrou para fora. No cadafalso em frente a guilhotina, segundos antes de morrer, gritou a multidão:
«Coraggio, compagni — e viva l' Anarchia!»
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(Coragem, Amigos! E viva a Anarquia!)
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Caserio foi guilhotinado em Lyon as cinco horas da manhã do dia 16 de Agosto de 1894, ele tinha 22 anos.
Conseqüências
Depois do julgamento de Caserio, foram registrados muitos atos de violência e intolerância por parte dos franceses contra os trabalhadores italianos, compatriotas do assassino de seu presidente. Um anarquista foi preso por manifestar em um espaço público sua simpatia por Caserio e um prisioneiro foi espancado pela mesma razão. Entre os anarquistas franceses no entanto, o gesto de Sante Geronimo Caserio ganhou uma ressonância muito significativa, em reconhecimento a este mártir anarquista.
O assassinato teve ainda uma outra consequência, a votação pela assembléia de um conjunto de leis conhecidas como “scélérates” cujo objetivo era proporcionar um aparato jurídico e repressor contra os grupos anarquistas e suas ações em território francês[2].
Canções sobre Sante Caserio
Sobre a figura de Caserio posteriormente surgiram na tradição popular italiana uma série de narrativas e canções em sua memória. Escritas ou oralmente, um número significativo destas são ainda cantadas na atualidade. Alguns exemplos são:
- Le ultime ore e la decapitazione di Caserio(também conhecida como Aria di Caserio), composta por Pietro Cini
- Partito da Milano senza un soldo, de autoria desconhecida
- La ballata di Sante Caserio, composta por Pietro Gori
- Il processo di Sante Caserio, de autoria desconhecida
- Su fratelli pugnamo da forti, do grupo Les Anarchistes
- Sante Caserio, do grupo Youngang
Bibliografia
- Per quel sogno di un mondo nuovo, Rino Gualtieri - Euzelia editrice (Milano).
- Al caffè, Errico Malatesta - (1922)
Veja Também
Ligações externas
- Artigo sobre o personagem (em francês)
- Artigo na Wikipedia
Caserio, Sante Geronimo Caserio, Sante Geronimo Caserio, Sante Geronimo
Caserio, Sante Geronimo- ↑ http://www.prato.linux.it/~lmasetti/antiwarsongs/canzone.php?lang=it&id=6004
- ↑ Journal officiel de la République française, year 1894