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Adriano do Carmo Flores de Lima (Canoas, 19 de setembro de 1970), mais conhecido como Adrián de Limes, é um poeta, compositor e tradutor brasileiro. É herdeiro da poesia marginal no Rio Grande do Sul e autor de poemas dispersos por antologias literárias e na Internet. Foi editor do jornal "O Falares" [1], órgão de comunicação do "Projeto Falares" da UFRGS, em Porto Alegre, onde cursou Bacharelado em Letras, habilitação tradutor, de 1993 a 1998, também se dedicando à pesquisa da poesia de João Cabral de Mello Neto.
A vida pública e biografia
Em 1994, causou surpresa na Universidade por ter se recusado a subtrair partes de suas obras para adequar-se às normas de publicação de grandes editoras, que exigiam um livro menor para primeira publicação de um autor.
Vindo de família de muitos músicos e poetas, populares e eruditos, foi aficionado em leitura e música desde a infância e começou a escrever poesia no ano de 1987. Anteriormente ao seu início na poesia, impulsionado pelo amor à música, tentou compor canções com letra e música, mas o excesso de lirismo e subjetividade da sua produção incipiente o dissuadiram da idéia.
Ainda em 1987 participou do grupo de poesia chamado "Da oficina do Oswaldo", em Canoas, juntamente com o poeta e presidente fundador do Partido dos Trabalhadores na cidade, Oswaldo Ferreira, líder do grupo. Em 1988 trabalhou em um pequeno semanário de Canoas (Jornal Radar), onde elaborava editoriais e textos de opinião [2].
A partir daí, já escrevendo compulsivamente publicou, na cidade de Sapucaia do Sul (RS) o fanzine "Manifesto-Ato", juntamente com os, também poetas, Alessandro Pedroso e Luiz Eduardo Pereira. De grande repercussão local, o "zine" feito em cópia reprográfica tinha uma concepção gráfica tendente ao cubismo, o que facilitava um melhor aproveitamento do pequeno espaço do papel, permitindo a publicação de poemas, textos, charges, tirinhas, etc, com enfoque na arte e na poesia, porém explicitando idéias libertárias.
No início da década de 1990, viajou de carona e sem dinheiro pelo Brasil, tendo se tornado amigo de artistas como o poeta catarinense Bento Nascimento. Por esta época, participava como vocalista, de uma obscura banda de rock chamada "Lex Tertia", passando a compor bastante.
Publicou poemas em antologias [3] e no jornal "O Falares", veículo de comunicação dos estudantes de letras da UFRGS, do qual foi um dos editores, publicando entre outros, poemas inéditos de Haroldo de Campos, Armindo Trevisan e Richard Serraria, cedidos pelos próprios autores. Nesta época de agitação literária, participou de outros projetos, envolvendo poesia, com o poeta e músico Richard Serraria, tendo o influenciado no gosto pela música e lírica de Chico Science, o que definiria os novos rumos da carreira do compositor gaúcho.
Foi colega e teve muitas oportunidades de conversar a respeito de formas não convencionais de escrever literatura com o escritor Altair Martins, desenvolvendo algumas idéias em comum com este, relacionadas ao uso da "língua brasileira" na literatura, além de ter tido a oportunidade de debater publicamente com o próprio Haroldo de Campos sobre a importância de Antonin Artaud e e.e. cummings para a linguagem da poesia no seminário "Poesia Contemporânea vista do Rio Grande do Sul" em 1995 [4].
Posteriormente, compôs para o grupo Dr. Lince, que gravou "Pé Gelado", de sua autoria com a banda "Lex Tertia" e "Nova Estação", parceria com Alex Fernandes. As composições tocaram em rádios da região da vizinha cidade de Porto Alegre, como Ipanema FM, FM Cultura e Unisinos FM. Escreveu vários livros de poemas e dois romances, todos inéditos.
Atualmente, além de continuar a escrever poemas e preparar letras e músicas para o primeiro trabalho solo de Luciano Preza, seu irmão e vocalista da banda Cartolas, troca correspondência com poetas como Flávio Luis Ferrarini e traduz poemas de Kenneth Rexroth, Emily Dickinson, Gregory Corso, e.e. cummings, James Joyce e outros.
A poética
Em mais de vinte anos escreveu mais de mil poemas, com temática variada e com linguagem que aproveita a experiência de todas as antigas vanguardas do século XX, de forma construtivista.
Muitas vezes, cria uma combinatória permutativa de significados instáveis, trasnformando a noção de "objetividade", porém aproveitando a fragmentação já existente na linguagem falada, refletindo o conceito de obra aberta de Umberto Eco levado a extremos.
Em outra vertente de seu trabalho, esta fragmentação se manifesta através de uma espécie de "colagem verbal, fonética e imagética", em uma espécie de reciclagem-merz do material perdido na linguagem diária.
Com origens na pintura de Picasso, na poesia concreta, na Geração Beat, em Apollinaire e Antonin Artaud, o poeta evoluiu para um conhecimento de todas as tendências das vanguardas do século XX, acabando por estabelecer em seu rol de influências um Paideuma à moda Pound que inclui autores clássicos e modernos de várias línguas.
São latentes em sua obra as influências de e.e.cummings, Guimarães Rosa, Ezra Pound, Maiakovski e Velimir Khlebnikov traduzidos pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Blaise Cendrars e Kurt Schwitters, parecendo esta coincidir, muitas vezes, com a de Helmut Heissenbüttel, Henri Meschonnic, César Vallejo, Tyrteu Rocha Vianna, Kenneth Rexroth e Ferreira Gullar.
Apesar de seu trabalho predominantemente vanguardista, está produzindo um livro de poemas de fo(ô)rmas fixas em português arcaico, entre cantigas e baladas, demonstrando a amplitude de sua obra, intencionalmente ou não.
Ligações externas
- Num certo Colibri Lanches. Alma carioca. 28/05/2009.
- Libertadores de América. Oca das letras. nº3. Julho de 2009.
- ↑ Projeto Falares. Nº4. UFRGS. Porto Alegre. Ano VI. 1995.
- ↑ Jornal Radar. Canoas. RS. Para ser executado em qualquer rádio. 03 de novembro de 1988.
- ↑ Oiticica, Christina. Poetas brasileiros de hoje. 1991. Shogun Editora e Arte. Rio de Janeiro.
- ↑ A Poesia Contemporânea vista do Rio Grande do Sul. Departamento de Linguística e Filologia do Instituto de Letras. UFRGS. 1995.