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Este artigo é baseado no artigo Giovanni Passannante da Wikipédia. | W |
Giovanni Passannante (Salvia di Lucania, 9 de Fevereiro de 1849 — Montelupo Fiorentino, 4 de Fevereiro de 1910) foi um cozinheiro anarquista italiano que protagonizou um atentado malogrado contra a vida do Rei Umberto I de Savóia. Condenado a morte, sua pena foi cruelmente modificada para prisão perpétua a qual foi praticamente sepultado vivo em um calvário terrível que se prolongou por uma década.
Contents
- 1 Infância e juventude
- 2 República e anarquia
- 3 O ataque
- 4 A prisão
- 5 Conseqüências políticas
- 6 De Salvia à Savóia
- 7 Processo, sentença e tortura
- 8 A tentativa de Acciarito e a vingança de Bresci
- 9 Decapitado depois da morte
- 10 Vicissitudes do sepultamento
- 11 Bibliografia
- 12 Template:Ver também
- 13 Template:Ligações externas
Infância e juventude[editar]
Filho de Pasquale Passannante e Maria Fiore, era o mais novo dos dez filhos do casal, quatro deles falecidos em idade precoce. Sua família passou por muitas dificuldades econômicas fato que influenciou em sua formação, obrigando-o a ajudar seus pais em pequenos trabalhos, apesar de que desde a mais tenra infância Giovanni demonstrava desejo de freqüentar a escola. No entanto as condições miseráveis em que sobrevivia sua família não permitiram que ele pudesse assumir um lugar nas salas de aula.
Desde os 14 anos, como forma de livrar sua família da fome, acabou sendo forçado a aceitar trabalhos braçais como estivador, em Potenza trabalhou também como guarda de um depósito de grãos, e ajudante de cozinha em uma taberna. Mais tarde um capitão do exército, nascido na Salvia como ele, mas morador da região de Salerno, percebendo o interesse do jovem pelos estudos, colocou-o a seu serviço financiando seus estudos até sua conclusão. Passannante alternava suas leituras da Biblia, com os jornais de que disponha e os escritos de Giuseppe Mazzini.
República e anarquia[editar]
Abraçando o ideal republicano, Giovanni frequentou o círculo mazziniano republicano e por sua participação permaneceu preso durante dois meses. Quando libertado imediatamente voltou para sua família na Salvia (como era chamada na época de seu nascimento, em seguida retornou a Potenza, dessa vez para trabalhar como cozinheiro. Em 1872 se muda para Salerno, onde continuou a trabalhar como cozinheiro em uma companhia local. Graças ao seu ativismo os membros da sociedade manzinniana se multiplicaram de 80 para 200. Nesse meio tempo Passannante abandona as idéias republicanas e conhece os ideais anarquistas. E finalmente se muda para Nápoles.
O ataque[editar]
thumb|left|Mural em Savóia di Lucaniathumb|right|Desenho de reconstituição da tentativa de assassinato publicada na época.Em 17 de Novembro de 1878, o rei Umberto I de Savóia estava em vista por Nápoles. Quando o cortejo real atingiu a altura do Largo della Carriera Grande, Passannante se aproximou da carruagem do monarca que altivamente atravessava o espaço entre a multidão, e simulando lhe fazer uma súplica, saltou no degrau do veículo, descobriu uma pequena faca de cozinha que estava escondida em um pano vermelho e a apontou na direção do rei. Este desviou a lamina com o braço, fazendo causando-lhe um corte superficial. Rapidamente foi agarrado pelo primeiro ministro Benedetto Cairoli contra o qual reagiu com um corte profundo em uma das pernas.
A prisão[editar]
thumb|left|Ilustração do atentado por Flavio Costantini Passannante levou um corte de sabre na cabeça do capitão da guarda régia, sendo em seguida arrancado da carruagem e imediatamente preso. Embora tendo planejado o assassinato do rei sozinho, foi brutalmente espancado e torturado para que entregasse a existência de uma suposta conspiração. O atacante tentara realizar seu ato com uma pequena faca de aproximadamente oito centrimetros, "boa apenas para fatiar maçãs" como dito em interrogatório pelo dono da loja onde Passannante havia declarado ter obtido a arma em troca de um casaco. No lenço vermelho onde havia escondido a faca, Passannante havia escrito:
«Morte al Re, viva la Repubblica Universale, viva Orsini»
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(Morte ao Rei, Viva a República Universal, Viva Orsini)
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Conseqüências políticas[editar]
A notícia do ataque produziu por toda Itália sentimentos de indignação opostos, de um lado, aconteceram inúmeras marchas de protesto contra a tentativa de regicídio, em contrapartida, aqueles que faziam oposição ao rei e ao governo se mobilizaram em uma série de novas ações. Em 18 de Novembro (o dia seguinte), em Florença alguns anarquistas lançaram uma bomba contra um cortejo matando três pessoas e ferindo mais de dez. O mesmo aconteceu em Pisa na noite daquele mesmo dia: as casernas de Pesaro foram incendiadas por grupos anarquistas. Além do ataque, uma série de manifestações aconteceram por toda itália se mostravam abertamente favorável ao ato de Passannente. O jovem poeta Giovanni Pascoli, tomando parte em uma reunião de apoiadores de inclinação socialista em Bolonha, realizou uma leitura pública de sua Ode à Passannante; apesar de logo em seguida ter rasgado o papel onde escrevera seu poema, foi detido e encaminhado à prisão. Desta ode não resta nada além das duas últimas linhas, mantidas oralmente: "Com o chapéu do cozinheiro,//Faremos uma Bandeira!"
A situação continuou precária na Itália, no dia 11 de Dezembro de 1878 uma ordem do dia favorável ao governo foi votada e rejeitada por grande maioria da Câmara, diante desta derrota política o primeiro ministro Cairoli pediu demissão no dia seguinte.
De Salvia à Savóia[editar]
O prefeito da região de origem de Passannante, Salvia di Lucania, foi forçado a ajoelhar-se perante o rei, diante do qual implorou por perdão e se humilhou ao ponto de oferecer, tal qual está registrado, a mudança do nome da região para Savóia de Lucannia (a Potenza), nome que permanece até os dias de hoje. Todos os parentes de Passannante tiveram que deixar a região se mudando para Vietri di Potenza.
Processo, sentença e tortura[editar]
thumb|250px|right|Desenho publicado em jornal da época reconstituindo o processo de PassannanteProcessado por um juri escolhido pela corte, o anarquista foi condenado a morte, no entanto o código criminal previa execução apenas nos casos em que o regicídio se efetivava. Um decreto real de 29 de Março de 1879, comutou a execução condenando-o a prisão perpétua que seria efetivada nas mais desumanas condições em Portoferraio, na ilha de Elba. Lá Passannante foi trancafiado em uma cela privada de latrina, abaixo do nível do mar, sem poder falar com qualquer outra pessoa, vivendo no mais completo isolamento por décadas, em meio aos próprios excrementos, acorrentado por oito quilos de correntes. Passannante media aproximadamente 1,60 m, a cela tinha apenas 1,40 m.
«"Passannante permanece enterrado vivo, na mais completa escuridão, em uma cela fétida situada abaixo do nível da agua, sob a ação congregada da humidade e da escuridão, seu corpo perdeu todos os pelos, branco como cal e o carcereiro encarregado... de supervisioná-lo tem ordem categórica nunca responder aos seus apelos, por mais que pareçam indispensáveis e angustiantes. Sr. Bertani... poderia dar mais notícias sobre este homem, esquelético, reduzido a ossos e pele, corroído, descolorido como a lama, forçado a ficar imóvel em uma alcova imunda, gritando com as mãos presas ao teto, sempre levantadas por uma corrente pesada que já não pode mais suportar por causa da extrema fraqueza de seus rins. O coitado chora e implora por ajuda sempre e tantas vezes que os marinheiros da ilha sempre o ouvem, ficam horrorizados."»
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As condições desumanas de décadas de detenção de Passannante foram objeto de denúncia de Augustin Bertani e da jornalista Anna Mozzoni Maria. Depois de dez anos da mais desumana detenção amplamente denunciados, Giovanni Passannante, em 1889, em carne, ossos e feridas, é retirado de sua cela e submetido à uma perícia psiquiátrica, pelos professores Biffi e Tamburini. Declarado mentalmente insano é imediatamente enviado ao manicômio judiciário de Montelupo Fiorentino por recomendação dos médicos, onde encontra seu fim em 4 de Fevereiro de 1910.
A tentativa de Acciarito e a vingança de Bresci[editar]
Outro anarquista tentaria matar Umberto I, 20 anos depois da tentativa de Passannante. Em 22 de Abril de 1897, Pietro Acciarito, um ferreiro nascido em Artena, tenta apunhalar o rei da Itália. Sua ação no entanto, não logra êxito e Acciarito assim como Passannante é condenado à prisão perpétua.
Três anos depois o objetivo de Passannante e Acciarito seria finalmente alcançado pela ação de Gaetano Bresci. Em uma visita a Monza no dia 29 de Julho de 1900, Umberto I seria morto pelo tecelão anarquista com três tiros no peito. Apesar de possuir outros motivos para o ato, Bresci acabou se tornando o vingador de Acciariato e, sobretudo, do tormento de Giovanni Passannante.
Decapitado depois da morte[editar]
thumb|left|Crânio e cérebro de Passannante expostos no Museu Criminal. Após sua morte o corpo de Passannante foi submetido a uma autópsia na qual sua cabeça foi decepada, e seu cérebro retirado e enviado para análises no Instituto Superior de Polícia, mantido em cárcere judiciário em Roma. Em 1936 o cérebro e o crânio de Giovanni Passannante foram mandados para o Museu Criminal. O cérebro e o crânio acabaram em exposição juntos com alguns de seus manuscritos de Passannante no museu, como um testemunho dos estudos de Antropologia Criminal que buscavam identificar supostas tendências subversivas através de características constitucionais e biológicas.
A permanência dos restos em em exposição museológica causaram uma série de protestos e manifestações entre parlamentares. No dia 23 de Fevereiro de 1999 o ministro da Justiça, Oliviero Diliberto assinou uma nulla osta para o translado dos restos de Passannante de Roma à Savoia di Lucania, no entanto por morosidade institucional e falta de vontade política o translado aconteceu apenas oito anos depois, em 2007.
Vicissitudes do sepultamento[editar]
O sepultamento de Giovanni Passannante estava previsto para o dia 11 de Maio de 2007 após uma cerimônia fúnebre que deveria durar 11 horas aproximadamente, naquele mesmo dia na igreja matriz de Savóia de Lucania. O sepultamento no entanto, aconteceu um dia antes do previamente estabelecido para evitar problemas de "ordem pública". Finalmente foi decidido que o enterro de Passannante se daria no museu que se localizará dentro do castélo de Savóia de Lucania logo que as obras de restruturação forem concluídas, efetuadas através de um financiamento de 1,5 milhões de euros.
Bibliografia[editar]
- Giuseppe Galzerano, Giovanni Passannante. La vita, l’attentato, il processo, la condanna a morte, la grazia ‘regale’ e gli anni di galera del cuoco lucano che nel 1878 ruppe l’incantesimo monarchico, Galzerano Editore, Casalvelino Scalo, segunda edição, 2004
- Giuseppe Porcaro, Processo a un anarchico a Napoli nel 1878, edizioni del Delfino, Napoles, 1975
- Gaspare Virgilio, Passannante e la natura morbosa del delitto, Loescher, Roma, 1888
- Antonio Parente, Giovanni Passannante anarchico o mattoide?, Bulzoni editore, Roma, 1989
Template:Ver também[editar]
Template:Ligações externas[editar]
- Crânio e cérebro de anarquista estão expostos há 129 anos!.
- Adeus Giovanni Passannante de Salvia, adeus (em italiano).
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